Vestido branco e túnica azul

Eu sei que algumas pessoas não vão acreditar ou gostar deste relato. Eu entendo e sei das dificuldades que algumas pessoas terão diante desta história. Mas eu afirmo que Deus às vezes nos mostra alguns caminhos misteriosos, e como Ele é DEUS, suas obras não são questionadas, e eu dou inteiro crédito à opinião da minha mãe em respeito à sua fé e a aos mistérios maravilhosos que ocorrem ao nosso redor. Portanto eu não tenho porque duvidar ou temer as dificuldades que às vezes nos assolam. Há alguns anos minha mãe sofreu um acidente de trabalho. Ela teve uma queda onde quebrou o cóccix e bateu a nuca fortemente. Neste episódio, ela contou que durante seu tombo, ela por segundos não conseguia se mover, e não sentiu seu corpo. Assustada, ela pensou que havia quebrado a coluna ou machucado seriamente alguma vértebra cervical. Como nós ainda éramos pequenos, ela achou que estaria paraplégica para o resto da vida e que traria grandes sofrimentos para a família. Quando ela foi levada ao médico e teve a oportunidade de conversar com o ortopedista, ele lhe disse que as feridas que ela achava que tinha acontecido, já estavam cicatrizadas e que ela se enganou: na verdade as lesões que ele encontrou em sua coluna provavelmente eram natas ou haviam ocorridos há muitos anos, portanto, não foram feitas na queda. Ele afirmou que as dores eram apenas nos músculos e passou antiinflamatório e remédios para as dores. Ele a tranqüilizou, pois afirmou categoricamente que ela não havia se ferido gravemente no acidente. Então ela teve certeza do "milagre" que teria acontecido a ela. Enquanto estava caída imóvel, ela disse que viu uma moça de vestido branco, cujas tramas eram de um tecido rústico, barato e grosso. Decididamente não era um tecido fino tipo ceda ou cetim, era um pano pesado e parecia muito quente. Por cima ela usava uma túnica azul claro, e esta sim era de um tecido finíssimo, macio e translúcido. Ela sentiu também forte perfume de flores, e percebeu que esta moça cujo rosto ela não conseguiu enxergar, passou por cima dela, como que se andasse em cima de seu corpo. Ela também disse que sentiu o toque dos tecidos em sue corpo e em seu rosto, e automaticamente ela conseguiu se mover e sentir novamente sua pernas e seu tronco. Emocionada, ela pensou: "-É Nossa Senhora! Mas eu não sei qual delas (títulos como se diz no catolicismo) que veio me socorrer". Mais tarde ela disse que foi um pensamento idiota, pois Mãe Maria na verdade não tinha título algum, e os nomes que deram a ela não importava, pois são apenas denominações terrenas, e seu poder é muito maior que os homens pensam. Até hoje, ela se emociona com sua visão e chora copiosamente ao se lembrar da moça que a auxiliou. Anos mais tarde, e eu sou testemunha deste fato, nós duas fomos a uma seção de um terreiro de Umbanda, pois ela buscava auxílio para uma estranha dor no joelho que os médicos não diagnosticaram doença alguma; e a exu feminina (acho que era a Maria Padilha) que nos atendeu, disse: "- É àquela vez que você caiu. É só uma dorzinha que ficou de lembrança, não é nada grave, faça banhos com arnica e arruda que passa. Ilha não é seu joelho que está doente, é apenas problema de postura que você está tendo". Minha mãe arregalou os olhos e olhou para mim e sorriu. Então rindo a exu falou: "-Você sabe o que você viu, então por que está sofrendo à toa? ". Ela nos abraçou, nos beijou e disse: "Nosso Pai sempre está presente quando precisamos Dele, o Amor sempre vence, tenham fé". Minha mãe ficou satisfeita e agradecida, e pelo que eu sei, ela sempre se banha com estas ervas quando sente alguma dor estranha, e o médico homeopata que ela consulta, nunca encontrou nada de errado com sua dores.


Jaqueline Cristina