Uma noite quente de verão de te fazer sentir frio de medo

No verão de 1992 eu tinha cerca de dez anos e morava na cidade de Curitiba. Minha casa era bem ampla, tinha cerca de 1,200m² e ficava dentro de um condomínio famoso da região. Como a maioria das casas de condomínio, as propriedades eram divididas por lotes e eram cerca de 300 m distantes umas das outras. Na minha casa não havia portão, possuía uma área externa livre enorme toda gramada, onde na parte da frente da casa, que dava para a rua, se localizava a garagem e um grande jardim. Na parte de traz, que era a maior parte, onde se localizava a piscina, a churrasqueira, e uma área de lazer, essa parte de traz era a parte preferida da família e dava frente para um lindo lago do condomínio.

Numa noite muito calorosa, meus pais resolveram ir até ao supermercado comprar algumas coisas, meu irmão, que na época tinha 7 anos, e eu resolvemos não ir, pois estávamos cansados por ter brincado o dia inteiro. A casa, como já citei no início, era muito grande, possuía vários cômodos, e por estar uma noite muito quente, minha mãe havia deixado praticamente todas as portas e janelas da casa abertas. O condomínio era muito seguro, seguranças rodavam pela área o tempo todo, e a casa possuía um sistema de segurança, portanto não nos preocupávamos em relação a segurança. Pois bem, é aí que começa minha história:

Estávamos assistindo tv meu irmão e eu quando começamos a escutar estranhos barulhos por volta da casa. Uma brisa gelada entrava pelas portas e janelas e tomava conta da propriedade, a princípio, imaginamos que o tempo estivesse mudando, e não demos muita importância para isso. Passado algum tempo, percebemos que os barulhos persistiam e começavam a aumentar, foi quando olhei pela janela e vi uma névoa muito esbranquiçada cobrir a lua minguante e as estrelas que iluminavam aquela noite, foi a partir desse momento que posso garantir que passei pelos piores momentos e tive as piores sensações de toda minha vida.

Fui ao encontro do meu irmão para ficarmos juntos, pois já começávamos sentir um sensação de medo e calafrios por todo o corpo. Nesse momento as portas e janelas da casa batiam a todo momento pela forte ventania, os barulhos se tornavam cada vez mais arrepiantes, ouvíamos barulhos na piscina como se estivessem mergulhando na água, ao redor da casa ouvíamos barulhos de pegadas de maior e menor intensidade pela grama, folhas secas das arvores caiam pelo chão e eram pisadas por não se sabe o que. Nesse momento em que já estava chorando de medo, peguei meu irmão pelo colo, e subi pelas escadas correndo desesperado até o escritório dos meu pais deixando a casa com as portas e janelas completamente abertas. Este escritório, ficava numa parte escondida da casa, dentro de uma porta de um armário do corredor que ia para os quartos, lá estavam os pertences e objetos mais importantes da família como documentos do meu pai e joias da minha mãe.

Ao entrar no escritório, fechei a porta e nos trancamos dentro de uma pequena sala que havia lá dentro, sentamos no chão e no abraçamos quase que desmaiando de medo. A partir daí começamos a rezar em voz alta, sentíamos que pagadas se aproximavam-se pelo corredor próximo do escritório, o barulho na piscina ainda persistia, tomei coragem e olhei pela janela, mas não conseguia ver nada pois a névoa branca tomava conta ao redor da casa.

No momento em que estávamos rezando e pedindo para deus que nos tirasse daquela situação horrível, foi que percebemos que uma forte ventania tomou conta das portas e janelas entrando na casa, nesse momento as luzes, os eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos se ligaram ao mesmo tempo, e a rede elétrica da casa entrou em curto. Nesse instante o sistema de segurança da casa, segundo os guardas vigias do condomínio caiu na central, e uma viatura foi encaminhada até a minha casa para ver o que estava acontecendo.

Até o momento em que a viatura chegasse em minha casa, esses estranhos fenômenos continuavam. Nós, dentro do escritório ouvíamos uma correria pelos corredores da casa misturada com os barulhos dos aparelhos eletrônicos, gritos e risadas assustadoras. Teve um instante em que ouvimos o barulho da maçaneta se mexendo, como se quisessem abrir a porta. Abracei forte meu irmão e começamos a rezar novamente. Estávamos perto de ter um colapso nervoso, pedíamos a Deus de todas as maneiras para ele nos proteger, nisso ouvimos o barulho da sirene da viatura chegando, foi quando repentinamente, os barulhos foram diminuindo até sumirem, foi quando olhei pela janela e vi que aquela névoa branca que envolvia minha casa ia aos poucos se dispersando até sumir de vez.

Em poucos minutos os vigias entraram na casa e revistaram todos os cômodos, não encontraram nenhum vestígio. A casa estava como havíamos deixado, com as portas e janelas abertas, somente a tv que meu irmão e eu estávamos assistindo estava ligada. Uma única coisa que eles observaram de diferente foi que havia pequenas pegadas que deixaram um rastro de água, que vinha desde o lago, passava pela piscina e pelo jardim, entrava pela sala, subia as escadas, entrava pelos corredores, e terminava na porta do armário que dava para o escritório, a maçaneta da porta do escritório encontrava-se completamente molhada e havia uma poça de água bem embaixo dela.

Passado poucos minutos meus pais chegaram, ficaram desesperados ao ver a viatura em frente nossa casa, minha mãe começou a gritar a nossa procura, foi quando então meu irmão e eu saímos do escritório desesperados chorando do medo que havíamos passado.

Depois que tudo se acalmou contamos a história para mamãe, a principio ela e papai ficaram meio duvidosos do que havia acontecido, mas depois que papai teve uma conversa com os vigias do condomínio, que lhe disseram que após uma grande descarga elétrica, que nunca haviam visto antes, o sistema de segurança da casa sem explicações caiu, e ao chegarem em casa, misteriosamente o sistema voltou, não achando nenhum motivo que possa ter ocasionado isso, sendo que a única coisa que observaram foram as pegadas molhadas como nos já havíamos lhe contado, meus pais acreditaram plenamente no que nos lhes contamos e ficaram realmente muito assustados

Depois desse dia nunca mais ficamos sozinhos em casa. Nunca mais também percebemos qualquer acontecimento não explicável na casa. Depois de alguns anos meu pai veio trabalhar em São Paulo, vendemos a casa e nos mudamos para São Paulo, e desde de então, graças a Deus nunca mais presenciamos algo dessa natureza.


R.P - SP - São Paulo