Um episódio impressionante

De todas as histórias sobre o sobrenatural que já contei no site, uma das que mais me impressionaram foi a ocorrida em maio de 2006. Na época, eu residia em uma cidade do Vale do Paraíba, e ia toda semana a Taubaté, onde eu estudava e fazia estágio em uma Escola de Estudos Esotéricos e Terapias Alternativas.

Eu me impressiono, não somente pela forma que minha vida foi direcionada, mas como também é um assunto polêmico, embora eu pessoalmente, não tenha diretamente relacionado tanto como os policiais, quanto aos marginais envolvidos nos atentados. Eu sei que meus relatos são longos, mas para você, caro amigo leitor, compreender todo o enredo, eu tenho que me ater aos detalhes. Como muitos infelizmente se recordam, o mês de maio de 2006 foi bombástico, pois todo o Estado de São Paulo principalmente, e estados adjacentes, foi acometido pelos infelizes ataques terroristas do PCC (Primeiro Comando da Capital) feitos contra a polícia paulista.

Na época, eu estava com problemas com minha CNH, então pegava o ônibus semanalmente em direção a Taubaté, pelo menos duas vezes por semana: pois além de ser estudante, eu trabalhava na clínica fazendo atendimento à população carente. Atendimento tais como auriculoterapia, massagens e Florais de Bach, profissão da qual me enche de orgulho e satisfação.

Voltando ao assunto principal, naquela semana eu estava tendo um sonho muito estranho, sonho daqueles que se repetem por dias a fio, o que me impressionava muito. No sonho, eu estava presa em uma quadra, e do chão, saíam mãos que tentavam me agarrar e me puxar para dentro dos buracos; era sinistro.

E justamente naquele dia, eu acordei novamente com o tal sonho. E eu abro aqui uma ressalva - para ir a Taubaté eu tinha duas opções: ou ia pela Via Dutra e descia do ônibus longe da escola, ou pegava o circular que passava em frente ao complexo prisional, e descia na esquina da escola. Normalmente eu optava pela segunda, pois me poupava tempo, além da estrada ser segura e muito movimentada.

No atendimento, eu gostava muito de trabalhar com um menininho, portador de paralisia cerebral, era muito gostoso a troca de energia, embora ele falasse com dificuldade, seu olhar de ternura e agradecimento me enchia de amor. Mas, naquele dia, ele me olhou com um olhar diferente, muito diferente do seu costumeiro, e me falou(eu sei que é difícil de acreditar) diretamente, sem nenhum problema de dicção: " - Cuidado, que eles querem te pegar!".

Eu gelei, pois eu me lembrei dos sonhos e fatalmente acabei ligando uma coisa à outra. Minha professora, uma das mulheres mais cultas e espiritualizadas que conheci, percebendo a estranheza da situação me perguntou mais tarde, o que foi aquilo. Eu contei a ela sobre meu sonho, e nós acabamos por fazer uma meditação aos Chorhans dos Sete Raios, e orações de proteção a São Miguel Arcanjo e aos nove coros angélicos.

Até então, o escândalo dos atentados ainda estavam por vir, pois ninguém (a população) sabia de nada, e à noite, como de costume, fui ao Centro Espírita assistir a palestra, rezar e receber o passe. E lá novamente, comecei a sentir uma presença estranha e ter novamente a sensação esquisita (parece que estava geral, todos estavam sentindo), sensação que no início eu estranhei, mas foi muito parecida com àquela que senti em 11 de setembro de 2001. Mas até então eu não tinha me ligado conscientemente sobre o que viria ocorrer (eu sou uma "Mãe Dinada" não é de hoje).

No outro dia, como estava se aproximando o dia das mães, eu resolvi sair para comprar o presente da minha mãe, e comecei a perceber a apreensão das pessoas, e então fiquei sabendo das coisas que começavam a ocorrer na Capital. Como o "olho do furação" foi o Vale do Paraíba, eu mal comprei uma coisa qualquer de presente, e rapidamente voltei pra casa e liguei a TV e a internet. As coisas literalmente estouraram, e de minha própria casa eu ouvia as sirenes e os pneus dos carros da polícia cantarem pneu pelas ruas, até porque onde eu morava na época, ficava um batalhão dos bombeiros, e infelizmente eles também não foram poupados das maldades.

A semana toda foi cruel, não se falava de outra coisa, e o clima pesado que pairava sobre as pessoas inegavelmente deixou a todos assustados e temerosos.

Mas então a coisa ficou bizarra ao extremo para mim, pois numa manhã eu teria que ir novamente a Taubaté prestar meu atendimento na clínica. Mas, como na bagunça que estavam às coisas, ninguém mais separava boataria de coisas reais, e o caos se instalou por completo. Eu normalmente acordei cedo, me levantei, tomei café, me arrumei e quando fui ao banheiro escovar os dentes para rumar para meu amado trabalho, aí que aconteceu a coisa mais impressionante de que tenho na memória: em frente a pia, eu recebi uma voz de comando direta. É difícil explicar como foi, pois eu não sei se realmente eu ouvi fisicamente a voz, ou foi um pensamento forte que me acometeu: "- Volte para cama e durma!".

Sinceramente, até hoje eu não entendi direito o teor da mensagem, pois mesmo que eu decidisse ficar em casa, eu iria sei lá, limpar a casa, ou preparar o almoço, qualquer coisa, mas dormir, dificilmente, até mesmo porque eu não estava mais com sono.

Então diante de minha teimosia, meu corpo ficou estranho, comecei a ter calafrios, e mal deu tempo de virar para o vaso e vomitar. Eu não estava passando mal do fígado ou do estômago, eu acordei normal, como de costume, mas o tal comando sobrenatural realmente me tirou do eixo. Escovei os dentes, e mal consegui me trocar, e caí na cama e dormi profundamente só acordando lá pelas 2 da tarde. Dormi pesado e não me recordo de ter sonhado.

Quando acordei atordoada e me recompus, liguei a TV e vi o caos totalmente instalado, as mortes, as rebeliões, enfim, foi um dos dias mais tristes que vivi. Mas o pior ainda estava por vir, no meio daquela bagunça toda, não sei se programado ou se tinha sido obra de vagabundos que se aproveitaram da situação absurda, um dos ônibus que eu pegava para ir a escola, acabou sendo assaltado, o povo se assustou, e me parece que acabaram incendiando. Felizmente não morreu ninguém neste atentado, mas sei lá o que poderia ter acontecido se eu estivesse lá, vai que seria eu a vítima escolhida para "ir pro saco" naquele dia!?

Sei lá, mas que tudo estava ruim por aquele tempo, isto sim estava, até mesmo porque uns dias depois, uns engraçadinhos soltaram uma bomba na escola vizinha à minha casa, e na confusão acabou caindo e quebrando minha estátua de São Miguel Arcanjo. Poderia ter quebrado qualquer coisa, desde vidros da janela, copos, jarros, ou qualquer outro bibelô, mas foi quebrar justamente meu anjo!

Bem, tudo isso poderia simplesmente ser invenção da minha mente, fatos aleatórios isolados, que eu incentivada pelo clima de terror, acabei sugestionada a crer que houvesse algo relacionado. Auto-sugestão pura e simples, o que no fundo no fundo, meu lado cético credita estes eventos, até porque não houve nada que justificasse um suposto risco que corri, não houve nada diretamente relacionado à minha pessoa ou algum ente querido, mas que foi sinistro tudo desde o sonho, o aviso da criança, meu peripaque e tudo mais, isto sim foi. Foi assustador e peço a Deus que coisas assim nunca mais tornem a ocorrer.

Que Deus dê luz a todos Seus Filhos, discernimento e força a todos que sofrem, e proteção a todos nós onde quer que estejamos.


Jaqueline Cristina