Surpresa Noturna

Eu moro em um apartamento com a minha família. Apesar do apartamento ser pequeno nós temos um cachorro grande (pastor alemão). Ele está acostumado a dormir no meu quarto. Ele tem um cobertor lá para ele, e não importa onde nós colocamos o cobertor ele sempre pega ele e leva de volta pro meu quarto. Sempre que eu vou dormir, eu deixo a porta aberta para ele entrar e sair do quarto a vontade para poder comer, beber, e se "aliviar" na área de serviço.

Uma certa noite eu estava me preparando para dormir, abri a porta, coloquei um tênis nela para não fechar, apaguei a luz e fui dormir. Eu acordei no meio da noite, sentindo um peso na cama. Eu pensei "deve ser o Átila" (meu cachorro), por que as vezes ele também gosta de dormir na cama. Eu virei o rosto para ele e senti aquele bafo quente na minha cara. Eu estendi a mão para fazer um carinho nele, e quanto eu ia encostar na cabeça dele, ele agarrou a minha mão com uma mordida tão forte que eu até vi uns pontinhos de luz no escuro de tanta dor. Ele começou a chacoalhar a cabeça com os dentes literalmente cravados na minha mão, dando um rosnado tão estranho, parecia o rosnado de um cachorro pequeno, não o de um pastor alemão.

Eu nunca bati no meu cachorro e também nunca deixei ninguém bater nele, mas ele estava quase arrancando fora a minha mão e a única coisa que eu consegui fazer foi virar um baita de um tapa com a minha outra mão. Só que ao invés de pegar em um baita cachorro, pegou em algo bem menor, que saiu voando da cama com a força do tapa, finalmente soltando a minha mão. Eu ouvi o barulho daquilo acertando a parede e depois não ouvi mais nada. A primeira coisa que eu fiz foi acender a luz.

Quando eu olhei, a minha mão estava toda vermelha de sangue, com uns buracos grandes de mordida. Eu olhei em volta procurando o meu cachorro, mas ele não estava lá. Foi quando eu ouvi os latidos vindo do lado de fora do quarto. Eu olhei para a porta e ela estava fechada! Quando eu cheguei perto, ela não só estava fechada, mas como estava trancada! E por dentro! O tênis que estava deixando ela aberta estava do lado da cama agora.

Quando eu abri a porta o meu cachorro entrou correndo e ficou procurando alguma coisa pelo quarto todo. Quando os meus pais vieram ver porque o cachorro estava latindo tanto, viram a minha mão. A primeira coisa que eles acharam foi que o Átila tinha me mordido, mas eu expliquei pra eles o que tinha acontecido. Claro que eles não acreditaram e acharam que eu estava protegendo o cachorro. Mas depois que eles limparam a minha mão e olharam as marcas que ficaram eles viram que era bem diferente da marca da mordida de um cachorro.

Quando eu tinha aberto a porta para sair do quarto e o cachorro entrou, ele ficou o tempo todo dentro do quarto procurando algo feito louco, mas ele não achou nada e eu não vi nada saindo do quarto, e nós estávamos no banheiro que fica de frente para o meu quarto. O meu pai e eu ficamos procurando o que quer que fosse o resto da noite, mas não achamos nada, e nem o Átila achou nada também.

O que quer que fosse não saiu pela porta, e nem pela janela que estava fechada. Não tenho idéia de como entrou ou saiu do quarto, mas colocou o cachorro pra fora e trancou a porta.

Ainda bem que eu acordei naquela hora, ou eu não sei o que poderia ter acontecido. Eu tenho as cicatrizes até hoje na minha mão para me lembrar daquela noite, e até hoje eu agradeço por elas estarem na minha mão, e não no meu pescoço.


Anônimo - SP - Campinas