Sônia, Sônia, Sônia...

Essa história se passou no outono de 63.

Estava deitava com meu bebê nos braços, quando na escuridão da noite escutei um barulho pesado. Costumava botar minha pasta de trabalhos em cima do guarda -roupas, e naquela noite pareceu-me que ela caíra arrastando-se pela lateral do mesmo. Levantei-me para verificar se a minha pasta havia caído. Minha surpresa foi que ela estava no mesmo local!

Deitei-me novamente, e voltei a escutar o mesmo barulho. Desta vez levantei-me rápido para verificar, mas estranhamente ela continuava no mesmo lugar. Custei a dormir pensando no fato, e de repente escutei o mesmo barulho! Algo me fez levantar e quando verifiquei que a pasta continuava lá, inerte, dentro de mim uma presença surgiu, em minha mente, a de meu estimado Dindo.

Ele foi mais pai do que meu próprio pai, deu o carinho necessário, pois meu pai era muito jovem e inexperiente. Havia tempo que não o visitava, pois a vergonha não permitia, ser mãe solteira naqueles tempos era difícil, e sua linda bonequinha, agora era uma mulher. Por conseqüência não fui vê-lo. Dias depois recebi a notícia de que ele falecera e que incansavelmente repetia as ultimas palavras: "Sônia,Sônia,Sônia..."


Sônia