Sombra assassina

Eu morei em uma velha casa de fazenda que tinha aproximadamente uns 150 anos, no interior de São Paulo, em Assis. A minha família se mudou para lá quando eu estava acabando a 4ª série. Desde o começo eu sabia que tinha algo de estranho na casa. Eu falei para o s meus pais que eu ouvia alguma coisa se movendo pelo meu quarto enquanto eu tentava dormir, mas eles riram e falaram que era a minha imaginação. Mas provavelmente a minha imaginação devia ser contagiosa...

Nós já estávamos morando naquela casa a mais ou menos 1 ano, quando a minha irmã mais velha começou a ter problemas. Alguma coisa arrancava o lençol e o cobertor dela e jogava no corredor. Ela achava que era a minha irmã do meio, já que ela era bem pentelha. Mas sempre que isso acontecia, a minha irmã do meio estava dormindo feito uma pedra no quarto dela.

Nada muito sério chegou a acontecer, até o meu aniversário de 16 anos. As minhas amigas já tinham ido embora, a minha mãe e as minhas irmãs tinham ido levar uma vizinha que estava passando mal para o hospital, e o meu pai tinha se mudado de casa (ele e a minha mãe se separaram). Então eu estava sozinha em casa, mas não estava nem um pouco preocupada com isso, já que não era a primeira vez. Mas eu mal sabia que essa noite ia ser diferente.

Eu tinha acabado de arrumar a bagunça da festa, e estava descansando um pouco na sala vendo TV, quando o som do chuveiro ligado me chamou a atenção. Eu subi e fui para o banheiro ver quem era, mas o chuveiro estava desligado. Mas eu ainda podia ouvir o som de água correndo na distancia, mas não dava para identificar de onde estava vindo. Eu achei que era melhor ignorar tudo, mas o que aconteceu depois gelou todo o meu sangue.

Eu estava assistindo televisão na sala quando eu ouvi alguém (ou melhor, alguma coisa) atravessar a sala de jantar (que é do lado da sala da TV) e subir a escada. Isso me deixou espantada, já que eu poderia ver se alguém estivesse subindo a escada, já que o sofá da sala de tv é do lado da porta, e dele da para ver a escada.

Eu me levantei e segui os passos, até que eles chegaram na porta do quarto da minha irmã mais velha. Eu parei e olhei em choque enquanto a porta do quarto dela (que é feita de madeira sólida e MUITO pesada) abrir completamente e alguma coisa que a única descrição que eu posso dar é que era uma sombra, entrou no quarto dela.

Eu corri para o andar de baixo, e vi algo pequeno e preto, e com uma aparência bem grotesca, correndo pelo corredor, em direção à sala que era o escritório do meu pai. Como é típico de mim, em vez de sair correndo para fora da casa, eu fui atrás daquela coisinha preta. Parecia o resultado do cruzamento de um cachorro e um rato, e eu juro que assim que eu entrei no escritório, ele sorriu para mim, com um tom meio ameaçador, e então desapareceu no ar, como se tivesse dissolvido. A essa hora eu já estava pensando em deixar a casa. E então eu vi uma coisa que era terror puro. Era maior e mais escuro que o bichinho que eu tinha seguido, e estava agachado no canto do escritório. Não dava para perceber traço nenhum naquilo, era só uma grande massa negra, mas eu sabia que estava olhando para mim e dava para sentir toda a maldade que emanava daquilo. Eu paralisei, e não consegui mexer um só músculo, quando aquela coisa começou a levantar e a se esticar, se transformando em uma sombra de algo que parecia uma pessoa. A única coisa que eu consegui fazer foi gritar. E eu gritei. Um grito tão alto e cheio de terror que expressava exatamente o que eu estava sentindo: terror puro e muito medo.

Depois do grito eu consegui me mexer de novo e consegui sair correndo da casa, e fiquei lá fora até a minha mãe e as minhas irmãs chegarem.

A minha família se mudou daquela casa algum tempo depois, depois que "alguma coisa" atacou a minha mãe enquanto ela dormia. Eu chegue a ouvir uma conversa dela com uma amiga dela que morava ali por perto, e descobri algumas coisas interessantes.

Ela falou para a minha mãe que a casa pertenceu a um homem e a família dele a um bom tempo atrás, lá pela década de 1920. Esse homem descobriu que a mulher tinha traído ele com um homem que trabalhava na fazenda dele (quando a nossa casa ainda era uma fazenda) e matou brutalmente ela e os quatro filhos, e depois se matou também.

A casa hoje em dia está vazia e por um bom motivo.


Dulcinéa - SP - Assis