O sumiço do gato

Bem, continuando com relatos acerca dos desaparecimentos inexplicados, contarei agora outro evento.

Este realmente me marcou porque além de me deixar preocupada, também fiquei triste, pois eu me apeguei ao bichinho.

Este dia realmente ficou marcado em minha memória, pois além do acontecimento, isto também aconteceu naquele sábado em que o Papa João Paulo II morreu.

Não que eu seja católica, mas a agonia do Papa estava havia dias estampada em todos os jornais, e toda hora havia plantões em todas as emissoras falando do assunto.

Bem, no começo da tarde, um pouco antes da informação do falecimento, eu tinha retornado da feira semanal com umas postas de peixe (acho que era Traíra) para fazer o almoço. Por se tratar de um peixe com muitas espinhas, fiquei receosa de dar um pedaço para meu gatinho, pois ele ainda era pequeno, embora os gatos adorem peixe.

Este gatinho era um siamês que semanas antes eu encontrei na rua miando de fome, então eu o adotei. Como eu não estou louca, muita gente viu o gato, pois ele tinha carteirinha de vacinação além de um r.a. (registro animal) emitido pela prefeitura.

Voltando ao relato, enquanto comíamos os peixes, entretidos com a notícia, ele subiu em minha perna pedindo um pedacinho de peixe, eu cuidadosamente coloquei-o no chão e vi que ele contrariado, correu debaixo do sofá para sair do outro lado tentando novamente subir no sofá. Então eu desisti, parei de comer e fui para a cozinha separar um pedaço de peixe para o gato.

As portas e janelas de minha casa estavam fechadas (para evitar que o cheiro de peixe atraísse moscas) e para meu espanto, o gato nunca saiu debaixo do sofá!

Procurei-o, chamei-o e até briguei com meu marido dizendo que ele deu sumiço no gato (coisa que fiz desesperada, pois eu sei que ele não é capaz desse tipo de sacanagem, porque nós até somos voluntários de uma ONG que cuida de animais desamparados). O que ele veemente negou, e ajudou-me a procurar o gato pelas redondezas. Não tinha por onde ele fugir, pois além das portas estarem fechadas, os muros eram altos e com cerca elétrica, além de meu portão ser fechado, sem espaços para que um gato, mesmo filhote pudesse passar.

Revirei meus sofás achando que pudesse haver um buraco que ele pudesse se esconder, arrastei armários à procura de um buraco por toda a casa, e nada! Não encontrei nada que justificasse o desaparecimento misterioso.

Semanas depois eu empacotei todas as minhas coisas e nos mudamos de lá (nós já tínhamos decidido isso antes deste evento) e eu ainda procurei pelo suposto cadáver escondido em algum canto, e não encontrei nenhum sinal dele.


Jaqueline Cristina