O macaco da fazenda

Uma vez quando eu era moleque, talvez uns trás ou quatro anos, eu às vezes ia pra casa do meu avô, que morava perto da minha casa, e ele sempre brincava comigo e com meus primos.Mas, às vezes, ele contava pra mim algumas histórias que ele dizia ter vivido. Eu morria de medo á noite, é claro...

Alguns anos depois, com uns nove anos, eu estava numa festa numa chácara na estrada. Estava na hora de cortar o bolo, a hora tão esperada de toda a criançada quando, de repente, eu sabia que eu tinha que sair dali e me meter no meio das árvores. Fui lá, é claro, pois a vontade era imensa. Eu estava lá no meio das árvores, quando de repente ouvi alguns barulhos de macacos, aqueles bem irritantes. Comecei a estranhar, pois eu nunca tinha visto um macaco numa fazenda. De repente, o barulho aumentou. Não parecia um só, que aparecia ali e aqui às vezes, mas agora era em todos os lugares em todos os momentos. Assustado, travei, é claro. Eu era só uma criança. O único movimento que pude fazer foi olhar para trás e ver o pátio com as pessoas. Uma mulher me viu e acenou para que eu fosse até lá. Mas eu não fui, é claro. Voltei a olhar para frente e de repente vi! Um gorila de quase três metros, eu ainda acredito, mas a metade direita dele (a minha esquerda) estava aparecendo os músculos e o globo ocular estava vazio, e a mandíbula estava aparecendo. Os braços começavam normais, mas começavam a desaparecer até chegar aos dedos em puro osso. Eu podia ouvir a sua respiraçãoo, mas eu sabia que ele não respirava, pois o pulmão direito (à mostra) não se mexia. De repente, ele começou a ir em minha direção, e eu comecei a chorar de puro medo. Eu achava que ele ia me matar só de se aproximar de mim. Os barulhos de macacos não paravam, e a cada passo do "gorila-monstro", o barulho aumentava.

Mas, de repente, ouvi um "Vai!Cai fora!", e senti um alívio imenso tomar-me o corpo. Olhei à esquerda e vi o meu avô se aproximando e balançando a mão, mandando o macaco sumir, e foi o que ele fez. Olhei para frente e confirmei: ele tinha ido. Meu avô se aproximou, apoiou a mão no meu ombro e disse "-Essa é uma história a contar aos netos e, quem sabe aos bisnetos". Ele sabia que a minha irmã estava grávida, mesmo que ninguém tivesse contado nada a ele.

Voltamos à festa. Comi o meu pedaço de bolo, e vi o meu avô me chamando. Amassei o papelzinho e joguei no chão. Fomos até um quarto e ele trancou a porta, deixando-nos a sós. Ele se sentou na cama e pegou o meu braço, fazendo-me aproximar dele.

-Não conte nada a ninguém -disse ele- Aquele é o macaco da fazenda, e ele está morrendo aos poucos. Se você contar alguma coisa, mesmo se for um pouco que seja, ele morrerá cada vez mais rápido e te assustará de noite.

Como vocês vêem, eu contei a história e agora ele irá me assustar, mas eu acredito que o meu avô virá me proteger...

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Eduardo - SP - Marília