O dia que eu quase morri (de rir) por causa do copo

Bem, analisando os relatos das brincadeiras que simulam seções espíritas, acho que só funcionam quando alguém realmente leva a sério. Mas, creio que ou é necessário que alguém seja médium para que haja alguma comunicação, ou tudo não passa de impressões mesmo.

Também acho que algumas pessoas ficam muito impressionadas com estas brincadeiras e se assustam com imagens de suas próprias mentes. Fazendo assim, com que a brincadeira seja um catalizador de emoções e imagens inconscientes. Eu nunca ouvi de um psicólogo alguma explicação definitiva a respeito do assunto, tanto quanto as explicações que eu mesma pesquisei não me levaram a nenhuma conclusão.

Até mesmo os rituais dos tabuleiros, as orações, mãos que são dadas etc., não fazem parte de nenhuma reunião espírita da atualidade. Ou seja, eram recursos utilizados nos primórdios do espiritismo que hoje estão quase em completo desuso, o que faz crer que tais brincadeiras sejam um exercício psicológico.

No entanto, o relato em questão se passou há cerca de vinte anos, quando eu era ainda adolescente, e logicamente, como a grande maioria fiquei curiosa com tal assunto. Certa tarde, quando eu e mais alguns colegas nos reunimos no colégio para fazermos trabalho em grupo, resolvemos brincar com o copo. Eu digo "o copo" porque é mais fácil de relatar, pois com o tempo eu não tenho certeza de que o utilizamos, ou foi uma caneta.

Enfim, fizemos a roda, escrevemos os papeis e nos concentramos. Aquela vontade de rir na cara dos outros estava me matando, principalmente quando eu abria os olhos e espiava o semblante do pessoal engolia em seco de vontade de gargalhar da palhaçada. Na época eu não acreditava nestas coisas (ou se acreditava não levava a sério), mas como o povo vivia contando cada coisa a respeito da brincadeira, a curiosidade falou mais alto. É lógico que a tal da concentração foi pras cucuias devido à minha gargalhada, várias e várias tentativas.

Até que enfim, quando realmente eu consegui me concentrar, por questões de segundos senti que meu colega ao lado deu grito histérico. Disse que sentiu uma mão enorme agarrando a mão dele (justamente a mão que eu segurava, mas eu não senti nada). Neste mesmo instante, uma outra menina desatou a chorar dizendo que viu o pai dela já falecido dando tchau. A debandada foi geral e teve neguinho tendo as mais variadas reações. Gente com medo, gente consolando a menina, gente dando água pro menino da mão agarrada, gente que saiu correndo, e eu rindo...

Bem, durante aquela experiência eu comecei a duvidar, mas nunca mais brinquei com aquelas mesmas pessoas que ficaram apavoradas. Brinquei novamente com outros indivíduos mas nada aconteceu. O que novamente me deixou cética com relação ao assunto. A única coisa que sei é que não existe nada de demoníaco na brincadeira, embora eu sugiro cautela nestas experiências. Pois ninguém sabe o que existe escondido em nossa mente.

Acho que para entrar em contato com o mundo espiritual é mais fácil do que parece. Somente é necessário que estejamos acompanhados de pessoas que saibam o que estão fazendo e nos locais propícios para isto. Ou seja, devem se informar com pessoas que freqüentam tais seções ou dirigentes de centros espíritas. Enfim, com pessoas que saibam direcionar os neófitos em espiritualismo a procurarem os estudos necessários ao seu esclarecimento. Devo ressaltar também que a comunicação com os espíritos é coisa séria e não deve nunca servir como entretenimento, curiosidade, ou qualquer outra banalidade que não seja para o aprimoramento espiritual e psíquico de si mesmo.

Também digo que, muitas vezes os estudos espirituais são mais importantes que a própria comunicação espiritual em si, pois para tudo existe um tempo, e que conversar com os desencarnados tem que ser encarado como algo comum, sem rodeios presunções ou sensacionalismo.


Jaqueline Cristina