O cara lá fora

Apesar de muitas histórias de casas assombradas que você houve são sobre casas velhas e isoladas no campo, essa aconteceu (e ainda acontece) em uma casa praticamente nova, construída em um bairro decente de São Paulo.

Por vários meses eu ouvi os meus amigos falarem sobre um fantasma na casa deles. Esta casa tinha cerca de três meses quando eu comecei a ouvir sobre as histórias do fantasma que ficava observando a família. Depois de eles morando lá por quase um ano eu acabei passando a noite na casa, já que eu morava muito longe e já estava escuro quando a conversa terminou. Então eu peguei o meu lençol, travesseiro e fui dormir na sala. A sala que eu fui ainda não estava muito bem acabada (era um escritório), mas tinha um bom sofá para dormir e eu tinha bastante privacidade.

Depois de duas horas de eu ter ido para lá dormir, eu acordei com uma música tocando. Parecia que estava sendo tocada por um rádio, do outro lado da casa. Como era uma casa bem grande, eu pensei que provavelmente deveria ser alguém que acordou e estava ouvindo música. Como eu já tinha acordado, resolvi ver quem mais estava. Eu me vesti e sai do escritório, e assim que eu coloquei o pé para fora, a música parou. O som do ritmo da música abafado pelas paredes tinha sumido de repente e a casa estava em total silêncio agora. Foi quando as coisas ficaram um pouco estranhas. Tendo ouvido as histórias do notório habitante fantasma da casa, eu naturalmente comecei a me sentir meio assustado, mas ainda assim curioso. Eu sai do escritório e fechei a porta entrando na sala principal no primeiro andar e atravessei ela em direção à cozinha. Enquanto atravessava a sala, eu vi algo pelo canto do olho, e quando eu virei para a janela, esperava que o que quer que fosse tivesse sumido, mas não sumiu. A imagem de um velho em uma jaqueta de couro e chapéu estava passando a menos de um metro da janela do lado de fora. Ele nunca olhou na minha direção, mas na frente dos meus olhos eu vi ele vir lá de fora e entrar na casa, atravessando a parede. Eu chacoalhei a cabeça, mas ele ainda estava lá. Ele começou a descer no chão como se tivesse uma escada ali, mas só tinha o assoalho de madeira! Depois daquilo eu pirei e resolvi me mandar da casa, mas enquanto eu me dirigia para a porta da frente uma brisa gelada me atravessou, como se tivesse um buraco na minha barriga. Eu congelei na hora. Depois de um tempo eu comecei a procurar pela porta de novo, mas antes que eu pudesse achar ela eu fiquei aterrorizado por uma névoa branca amarronzada subindo do chão, bem na minha frente. Eu podia sentir o cheiro peculiar de cigarro. Sabendo como os donos da casa tinham aversão a cigarros, eu fiquei mais preocupado ainda. Então a música começou de novo, baixa e rítmica. Depois de um tempo com a música tocando, um dos membros da família e acendeu a luz, e eu a vi quando saiu do seu quarto e parou no topo da escada. Ela olhou para mim lá em baixo com uma cara de sono e me perguntou "por que você está tocando música a essa hora da manhã?". Eu literalmente não conseguia falar nada, simplesmente encolhi os ombros e fiz uma cara de que não sabia o que estava acontecendo. Algum tempo depois os outros dois membros da família tinham acordado também, todos tinham ouvido a música mas não conseguiam achar de onde estava vindo. Depois de dez minutos ela parou.

Eu nunca mais dormi na casa deles, mas o meu amigo me fala que até hoje ele ainda ouve a música sendo tocada de noite e as vezes sente o cheiro de cigarro no ar.


Pedro Augusto - SP - São Paulo