O aniversário de vovô e o cachorro fantasma da minha mãe

No aniversário de meu avô paterno as coisas (como é muito comum entre pessoas que "dorme e acordam" com os fenômenos espirituais) ficaram um tanto forte.

Eu preciso salientar que meu avô fez 93 anos, e está começando a gozar da felicidade plena das despreocupações que só a vida longeva presenteia. Portanto, embora com aparelhos de surdez e cadeiras de rodas, às vezes ele tem momentos de "deslocamento mental"; porém permanece lúcido a maior parte do tempo.

Portanto, ele ainda fica muito feliz quando família se reúne em torno dele. A única coisa que me entristece é que ele não me conhece mais, me cumprimenta cordialmente e sempre me pergunta "quem é a senhora"? A sacanagem é a palavra senhora, coitado (ou melhor coitada de mim)!

Bem, na hora de cantarmos os parabéns, eu vi que ele levantou a mão e ficou acenando como se estivesse chamando alguém para perto de si, mas por incrível que pareça, eu comecei a sentir arrepios e na hora já saquei: tem gente de outro espectro vindo ter conosco.

O que eu não esperava era ter levado um tapão tipo "A Sardinha" na minha nuca, que me chacoalhou. Eu até pensei que fosse o meu irmão me tesourando por algum motivo e olhei para trás. O que vi foi minha avó falecida há uns 13 anos que vivia dando este tipo de chamego na gente (ela gostava de beliscar, puxar o cabelo e mostrar a língua, típico de uma indiazinha travessa, e não de uma respeitada senhora)!

Olhei para meu pai e ele riu (foi a primeira vez que compartilhamos um evento mediúnico) e vi eu ele também estava emocionado. Para continuar, vi a sombra de uma mulher de cabelo channel vir de frente ao meu avô e se aproximar da mão que estava acenando. Automaticamente ele abaixou a mão, o momento de lucidez se desvaneceu, ele sorriu e falou algo que não deu para entender. Eu ainda vi por alguns momentos a figura como se estivesse impressa na parede e sumiu aos poucos. Logo meu avô recobrou a lucidez e parece que não se lembrou de nada.

Pena que meu celular é de poucos pixels e não consegui ampliar o suficiente para ter uma idéia de algo, mas não tem nada na filmagem (portanto eu não vou fazer você leitor perder tempo com um trecho sem sentido para outrem de um momento íntimo em família).

Como se não bastasse o episódio, horas mais tarde quando a festa já tinha se encerrado, ficamos uns poucos na cozinha conversando. Minha mãe resolveu dar uns risoles que sobraram para os cães antes de ir se deitar. Eu também tenho que abrir uns parentes para explicar que por problemas de hipertensão, minha mãe não bebe.

De repente entra minha mãe aos prantos falando que ficou morrendo de dó de um cachorro negro enorme que inclusive bateu o rabo para ela alegremente, com se quisesse também ganhar um salgadinho.

É lógico que eu corri para o quintal para ver que cachorro esquisito que assustou minha mãe e porque motivos os outros cães não latiram ou avançaram no estranho. Mas que nada, estavam todos alegres no portão esperando ganhar, desta vez quem sabe, uma coxinha!

A minha mãe disse aos soluços "O coitadinho não sabe que morreu e ainda está sentindo muita fome!" Então vá eu lá pelas tantas da madrugada chuvosa sair no quintal molhado, no escuro, plasmar um salgado tipo forma-pensamento para avisar o cachorro-fantasma de que ele deve seguir alguma caravana dos Samaritanos e ir parar em alguma colônia que cuide do desencarne dos animaizinhos.

Para resumir a história, minha mãe já falou que viu este cão na rua atrás dela outras vezes depois deste episódio e inclusive ele já a salvou de ser atacada por um pitbull quando voltava do trabalho, e que o tal cachorro deu uma avançada no pitbull que fez com que ele se desviasse e saísse com as ancas abaixadas, como normalmente os cães fazem quando tem rabo e o colocam entre as penas no momento de medo.

E que até meu tio (mas ele é médium desenvolvido, mas isso não vale, né?) também já viu este cão e que não deixa que ninguém se aproxime de minha mãe. O problema é que assim como o cachorro vem ele some misteriosamente, ou fica parado no meio da rua até que minha mãe o chama, mas ele desaparece.

Eu tenho a idéia que minha avó que gostava, protegia e defendia os animais, deve estar trabalhando numa destas caravanas e deixou este cão-protetor para minha mãe por algum motivo. E no fundo, eu também gostaria muito de vê-lo também, mas acho que o ritual que fiz acabou afastando ele de mim, ou talvez eu não precise mesmo ter um contato mais dramático para saber que ele existe.

Afinal em família espiritualista, não existe este tipo de coisas de achar que alguém esteja ouvindo vozes ou vendo fantasmas, e mandar o cara ir à igreja ou mandar o Luluzinho (he he he) desalojar, até porque isso não existe e nós sabemos muito bem separar o que é uma incorporação mediúnica de um mera encenação hipnótica teatral.

E eu agradeço a Deus por isso e realmente podermos ajudar de maneira adequada a todos que precisem. E olha que ninguém é bonzinho, se diz servo de Deus, ou qualquer outro tema ultra batido para vender uma seita ou filosofia comercial qualquer.


Jaqueline Cristina