Eventos com minha família

Bem, neste relato contarei alguns fatos que são contados por meus familiares há alguns anos. Algumas das pessoas já faleceram, e tomei a liberdade de afirmar estes como autores e testemunhas destes casos. Naturalmente, outros não, pois não pedi permissão aos mesmos. Algumas coisas parecerão fantásticas demais, porém, não posso afirmar se são reais, equívocos de interpretações, alucinações ou se alguém estavam bêbados ou afins. Porém, são relatos interessantes.

Comigo mesmo, não aconteceu nada digno de assustador, mas eu contarei estes acontecimentos em outra oportunidade.

Bem, há muitos anos, creio que seria durante a década de sessenta, meu avô gostava muito de pescar, coisa que ele fez durante quase toda sua vida. Numa destas vezes, ele relatou que juntamente com outros amigos, estavam às margens do rio Paraíba do Sul, pescando durante a madrugada. Quando os homens começaram a ouvir barulhos semelhantes a pauzinhos batendo uns nos outros. Quando eles viram que o barulho se aproximava, eles perceberam que um ser parecido com uma caveira, vinha se aproximando, atravessando de uma margem à outra, na direção deles. Meu avô contou que eles começaram a rezar e um dos amigos dele fez uma oração específica (este amigo conhecia preces e louvações afro-brasileiras) e pediram que este ser fosse embora na paz de Jesus. O que fez com que o ser passasse na frente deles e se embrenhasse no meio da mata e desapareceu. Meu avô contava que realmente era um monte de ossos ambulantes.

Em outra ocasião, ele trabalhava na antiga fábrica de explosivos Getúlio Vargas, hoje Imbel na cidade de Piquete/SP. Na época, não havia ônibus que levava os funcionários, então era costume os mesmos se dirigirem de bicicleta até o trabalho. Como minha família morava na cidade vizinha à Piquete (Lorena), meu avô seguia junto de alguns colegas ao final do turno, descendo pela estrada que liga Lorena à Itajubá/MG. Quem conhece essa estrada sabe que ela corta a serra da Mantiqueira e é muito sinuosa, com muitas curvas. Sempre que passávamos em determinado trecho desta estrada, meu avô contava exatamente no local: a curva que, ao virarem, avistaram uma procissão composta de duas fileiras com pessoas carregando vela acesas. No início, eles não tiveram medo, apenas acharam falta de respeito passar de bicicleta ao meio da procissão de bicicleta; porém como estavam cansados da lida, resolveram passar assim mesmo. No entanto ao olharem para trás ou ao se aproximarem (eu não sei ao certo), não havia ninguém na estrada.

Meu avô também contava outros "causos" de assombração, como o dia em que ele ainda era moleque e viu junto com seu pai um lobisomem. Ele dizia que seu pai o mandou correr e subir em uma árvore, enquanto seu pai atingiu o animal com a enxada. Ele dizia que em outro dia, apareceu um vizinho que estava com o braço quebrado.

Mas das histórias, a mais real é a que tanto ele quanto minha avó contava a respeito de uma casa assombrada que eles moravam logo quando se casaram. Minha avó contava que os vizinhos sempre às seis horas da tarde fechavam-se em casa, pois eles viam um velhinho nu, carregando uma vela às costas passar pelo quintal (aquela época era comum as casas possuírem cercas e não muros como é hoje). Diziam que essa casa pertenceu a um casal de ex-escravos que foram trapaceados por seu patrão, pois o mesmo teria lhe tomado a casa em troca de supostas dívidas, além disso, também se dizia que o casal havia enterrado um baú com alguns pertences no chão da cozinha. Minha avó falava que se pisasse com força no chão se ouvia um eco como se houvesse um buraco no sub-solo. Nesse lugar, minha avó contava que à noite, ela subia no forro da casa com medo de que alguém entrasse (ela ficava sozinha com meu tio pequeno mais uma mocinha que era sua babá, pois meu avô estava trabalhando), pois alguém batia fortemente nas portas da casa, querendo entrar. Ela também dizia que nos caibros às vezes deslizava uma bolinha chacoalhando de uma ponta à outra do telhado.

Esta mocinha que lhe auxiliava nos trabalhos domésticos, certa vez voltou gritando com meu tio nos braços, pois tinha visto uma aparição saindo de uma laranjeira que havia no quintal. Meu tio também apontava para um canto do quarto e balbuciava alguma coisa como a mostrar que estava vendo algo.

Havia também um outro parente, que morava juntamente com eles, que também contava algumas coisas, como que ao voltar para casa de madrugada, ele viu que havia um homem vindo por trás dele. Ele ficou esperando a pessoa se achegar, pois este meu querido parente é uma pessoa muito corajosa e sensata, mas na mocidade coragem era sinânimo de valentia, e ele se considerava um valentão. Então ele pensou que iria se esmurrar com aquele sujeito "folgado" que se aproximava, quando ele viu que a tal figura tinha os dentes como os de um vampiro e veio em sua direção com a boca aberta e tentou lhe morder o rosto. Ele disse que sua valentia passou na hora, e ele correu passando por debaixo da cerca e gritou à minha avó para que abrisse a porta. Ele nunca mais voltou a ver este ser.

Este parente, quando jovem, naturalmente gostava de sair à noite, e em outra ocasião (minha família já não morava mais nesta casa), ao voltar para casa, viu uma pessoa abaixada embaixo de um poste, simultaneamente, quando ele se aproximava a aparição se "desenrolava" chegando a ficar quase que da altura do poste. Ele conta que saiu correndo e chamou minha avó para ver esta coisa, e ela disse que não viu nada, aquilo simplesmente havia desaparecido.

Também outro parente meu, contou que indo a um encontro de jovens do movimento religioso que ele freqüentava na época, juntamente com uma ex-namorada foram de carro na dita estrada de Piquete. Essa pessoa contou que parou o carro e desceu para urinar, e deixou a porta entreaberta. Ao voltar ele se sentiu como se estivesse sido hipnotizado e não conseguia mexer os pés, ficando com o pé pesado no acelerador. Sua então namorada não tendo coragem de pegar sua bíblia na bolsa no banco de trás, começou a rezar agarrada ao puxador que ficava acima do porta-luvas, pois ela também havia percebido algo de estranho. Eles viam no espelho retrovisor uma sombra escura sentada no banco atrás do motorista. Este meu parente também sentia algo como se fosse uma respiração em sua nuca, chegando mesmo a escutar tal respiração. Ele disse que seus braços começaram a ficar dormentes, e ele saiu do transe quando os faróis de um caminhão carregando madeira bateram em seus olhos e ele pode ter alguma reação. Ele disse que parou o carro, e aos berros abriu a porta e mandou a sombra sair. Conta que sentiu como se a barra de uma túnica invisível raspasse em suas pernas, então ele viu o mato se abrir e escutou o barulho do mato sendo amassado, como se estivesse sendo pisado. Ele também falou que havia uma calça sua dobrada no banco de trás e ela estava amassada, como se alguém tivesse sentado em cima dela.

Nessa época, o movimento religioso que ele freqüentava negava veemente a existência de espíritos, além de que tanto ele quanto sua ex estavam cursando Psicologia; coisa que há época, era altamente freudiana: racional e cética. No entanto, eles afirmavam que tal fato aconteceu e não encontraram explicação para aquilo.

Hoje, boa parte de minha família estuda Espiritualismo, então aceitamos alguns fatos, pois sabemos o que é mediunidade, mundo espiritual etc. Então, sabemos que alguns fenômenos realmente são plausíveis tanto de forma emocional quanto racional. Mas, ainda assim, para alguns fenômenos não encontramos explicações.


Jaqueline Cristina