Estranho visitante

Na quinta feira de 8 de abril de 2004, lá pelas 1:30 da manhã, devido a um certo abuso de café, eu era a única acordada em casa. Meu marido e meus quatro filhos estavam todos dormindo.

Nós vivemos em uma casa em uma estrada de terra a cerca de 10km da cidade (Itapecerica da Serra), e apesar de termos alguns vizinhos, eles não estão muito pertos. A nossa casa não é muito nova e passa uma certa vibração meio fantasmagórica. Não é incomum você ouvir coisas por aqui. Mas isso não tem nada a ver com o que aconteceu comigo naquela madrugada.

Nós temos duas cadelas Pastor Alemão, muito mimadas, que tem personalidades diferentes como duas pessoas qualquer. A mais velha, chamada Laika, é uma capa preta linda que é brincalhona e gosta de TODO mundo, não importa quem seja. Ela tem cinco anos. A mais nova (dois anos) é uma pastora tradicional marrom e preta, chamada Sol, e é o oposto da Laika em quase todos os sentidos. Ela não confia nem um pouco em estranhos (não é incomum ela tentar morder alguém) e quando ele é enfrentada quando está de guarda, é uma ameaça que eu acho que o próprio diabo ia pensar duas vezes antes de seguir em frente. Apesar disso tudo, ela se da super bem com a outra cadela e com os membros da família, e nunca nos causou nenhum problema.

As duas cadelas dormem dentro de casa todas as noites com a gente, e nessa noite (madrugada), eu ouvi a Sol latindo e rosnando em um frenesi doido no quintal, e pensei que talvez fosse para algum vizinho que estivesse andando pela rua. Então eu fui até a cozinha, coloquei a cabeça para fora da porta para não acordar o meu marido e meus filhos e chamei a Sol, que estava correndo pelo quintal. Ela estava tão concentrada no que estava fazendo que nem me notou chamando ela. Foi só na terceira vez que eu chamei ela que três coisas aconteceram...

1. A Sol ouviu a minha voz
2. Eu notei O QUE ela estava perseguindo
3. E AQUILO ME NOTOU!

Os meus olhos não queriam acreditar no que eles estavam vendo, mas essa é a melhor descrição que eu posso dar:

Era ENORME-o meu marido tem 1,90 de altura e aquilo era bem mais alto, parecia ser mais escuro do que a noite, parecia estar em pé em quatro patas. Os pés (talvez unhas ou garras) estalavam quando batiam nas pedras da estrada. Não era um boi ou um cavalo ou qualquer animal que eu já tivesse visto! A coisa mais perto que eu podia comparar era um gorila gigantesco. Na terceira vez que eu chamei a Sol, essa criatura virou a cabeça na minha direção e soltou um grunhido horrendo, agudo e meio áspero, que na hora eu interpretei como uma ameaça para mim. Nesse momento, tudo o que eu pensava era botar a cadela para dentro de casa e trancar a porta, e como agora eu tinha chamado a atenção dela, ela correu na minha direção e em poucos segundos a porta estava trancada. Eu me afastei da porta, e pouco depois quando eu olhei pela janela, não havia mais nada lá fora.

A Sol estava com os pelos das costas arrepiados e ainda um pouco brava, e se encostou na minha perna, esperando um sinal de aprovação. Eu tentei acalmar ela e passei a mão nela, mostrando que ela era uma boa garota por ter afastado aquilo para longe de casa, e quando eu estava começando a me acalmar quando eu dei por conta de que eu tinha acabado de passar por algo que quando você conta para as pessoas ou elas não acreditam, acham que você está inventando tudo, ou acham que você está ficando louca.

Eu nunca time problemas ou algum medo antes para sair de noite no quintal para fazer qualquer coisa lá fora, mas depois daquilo eu raramente saio à noite, e nunca sem as minhas cadelas junto. Mas agora eu sei que não posso mais ter certeza do que ronda lá fora, nas frias horas da madrugada, escondidas pelas sombras da noite...


Natália - SP - Itapecerica da Serra