Estrada

Nunca na minha vida eu fiquei mais aterrorizado do que quando me aconteceu aquilo, a cerca de um ano atrás. Foi numa estrada que não tinha nada fora do normal, era quieta, calma e não tinha nenhuma história de assombração sobre ela.

Era uma noite de primavera, fresca e escura, com a lua alta no céu. As árvores pareciam gigantes olhando de cima para mim. Eu estava sozinho e estava apenas dirigindo, pensando nas minha coisas. O rádio estava desligado. Em uma parte da estrada havia uma velha casa de fazenda com algumas casas menores em volta. Eu não me lembro da última vez que eu vi alguém por lá, o lugar estava completamente abandonado já fazia alguns anos. Eu estava um pouco distraído e estava olhando para a casa da fazenda, quando eu vi uma figura parada no meio da estrada. Eu não consegui ver o que era a essa altura. Eu só percebi que era um homem. Eu desviei o carro assim que vi ele e afundei o pé no freio. Eu quase fui parar na vala que tinha perto da estrada, mas o meu carro parou antes, abruptamente, em uma árvore. Ele começou a soltar fumaça, estava quebrado.

Eu fiquei louco da vida. Quem não ficaria? E um pouco de loucura misturado com stress e problemas de família não eram uma boa mistura.

Eu sai do carro mancando e com a cabeça sangrando um pouco e andei na direção da figura, berrando com ele. "O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO PARADO NO MEIO DA ESTRADA, SEU DESGRAÇADO!!!" eu gritei. Ele estava de costas para mim e vestia um casaco que chegava quase até o joelho. Então ele virou para mim. O rosto dele parecia com tudo que é filme de terror que você já pode ter visto. Era branco com olhos negros que pareciam sugar você para a escuridão. O melhor jeito que eu posso dizer como foi é que eu estava sozinho com um homem, com um rosto inumano, que tinha quase me matado, em uma estrada onde nenhum outro caro estava passando. O rosto dela era uma coisa simplesmente aterrorizante. Parecia que ele estava completamente queimado ou que tinham jogado óleo fervendo nele. Eu acabei soltando um grito de terror. Ele abriu a boca e riu, como se tivesse ouvido uma piada. A risada era quase uma gargalhada diabólica, ela gelou a minha alma. Mas o que mais me aterrorizou foram os gritos e gemidos que ele soltou quando eu comecei a correr. Ele começou a me perseguir. Eu estava realmente apavorado.

Eu ficava olhando para trás enquanto corria e vi aqueles olhos negros aterrorizantes. Logo a voz dele estava cada vez mais perto de mim. Os sons que aquela coisa fazia era algo que eu nunca tinha ouvido na minha vida inteira, ele parecia estar gemendo, gritando e chorando ao mesmo tempo. Era tão alto e agudo que chegou um ponto em que eu tive que tapar os meus ouvidos com as mãos. Pouco depois, ainda correndo, eu já sentia a respiração dele na minha nuca. Então a mão dele agarrou o meu pescoço.

Eu não lembro muita coisa depois disso. Tudo o que eu consigo recordar é uma luz vindo pela estrada, e então se dividindo em duas e então apitando, e ai eu cai no chão, com aquele grito aterrorizador ecoando na minha cabeça. Eu me lembro de uma outra figura correr até mim e gritar para outro alguém chamar uma ambulância.

Eu acordei em um hospital. A minha cabeça e as minhas pernas estavam doendo. Então uma enfermeira entrou e falou algo, ms eu não consegui ouvir. Eu só ouvia gemidos vindo de algum outro lugar que eu não conseguia ver. Então os meus pais entraram no quarto.

Eu fiquei mais uma noite no hospital, e a minha audição só voltou depois de dois dias. Tudo o que eu conseguia lembrar sobre o acidente era daquela figura, que ainda me aterrorizava só de lembrar.

A perda de audição que eu tive foi provavelmente causada pelo o que quer que seja que era aquela criatura, que ficou berrando na minha orelha. Os meus pais me falaram que quando foram me ver eu estava branco feito a parede.

Durante o dia, cerca de um mês depois, eu voltei para aquela estrada com um amigo meu e vi alguns restos do meu carro que foi enviado para o ferro velho algumas semanas antes. Nós fomos até onde a figura estava naquela noite, e demos umas voltas por lá. nós andamos pela fazenda, pelas casas, pelas árvores, mas não encontramos nada. O meu amigo não estava acreditando nem um pouco no que eu tinha contado para ele. Mas ele realmente acreditou que alguma coisa quase me matou de medo.

Tudo o que eu sei é que isso aconteceu, e eu não sei quem o homem era, por que ele estava me seguindo, por que ele estava gritando, por que a cara dele era estranha daquele jeito e por que ele estava parado no meio da estrada. Eu não sei de nada. Eu simplesmente não dirijo mais por aquele pedaço da estrada de noite.


Batista - MG