Esconde esconde

Foi a algumas noites atrás, eu estava deitado na cama me preparando para dormir, eu tinha acabado de desligar o meu abajur. Com a cabeça deitada no travesseiro, eu dei uma olhada na porta aberta, que levava para o corredor, e notei uma névoa flutuando lá. Eu moro sozinho, então não podia chamar ninguém para ver aquilo. Eu estiquei a mão e acendi o abajur e a névoa desapareceu.

Sendo o curioso que eu sou, eu apaguei a luz de novo e a névoa estava lá parada na minha porta de novo. Eu achei que fossem os meus olhos me pregando alguma peça então eu fiquei olhando a névoa, até que eu notei que tinha a forma de uma garota. Tinha quase um metro de altura, mas eu só podia ver o contorno. Então em uma voz meio abafada eu ouvi ela dizer "Vem me procurar" ou alguma coisa parecida. Eu já estava bem assustado a essa altura, então eu só cobri o meu rosto com o cobertor e comecei a tremer.

Depois de uns cinco minutos eu ouvi aquela voz de criança de novo, como se estivesse cantarolando algo, então eu coloquei a cabeça para fora do cobertor e olhei de novo para a porta, e a névoa com a forma de menina estava alguns passos mais perto. Dessa vez dava para ver os olhos, mas só os olhos, o resto todo estava faltando. Os olhos eram verdes como duas esmeraldas. Ela falou de novo "Vem me procurar". Já completamente apavorado eu levantei para ir "procurar ela" ou ver o que ela queria, e no instante que eu coloquei o pé no chão, a névoa flutuou para fora do quarto e desceu pelo corredor. Ela já tinha saído e eu não sabia para onde tinha ido, mas parecia que ela estava indo para a cozinha. Eu fui até a porta da cozinha e abri ela, e um vento passou por mim e eu vi a névoa aparecer e sumir quase que no mesmo segundo, na frente da geladeira, então eu fui até lá. Eu abri a porta e uma grande nuvem negra com o mesmo formato da garotinha, agora completa com todas as características que ela não tinha antes, saiu de lá de dentro. Os olhos dela eram o mesmo tom de verde esmeralda de antes, e os seus cabelos tão negro como o céu da meia noite, e ela sussurrou "você me achou".

Depois que isso aconteceu, eu nunca mais vi nada de estranho acontecer aqui em casa. Eu não sei quem era a garotinha ou porque ela estava aqui, mas eu espero nunca ter de brincar de esconde esconde com ela de novo. Aquilo quase que me mata de medo. Você pode achar que eu sou louco ou que era um sonho, mas eu sei que aquilo que aconteceu comigo foi real.


Jaumir - SP - São Paulo