E as panelas bateram

A história que você está para ler toma lugar em uma vizinhança normal. Você sabe, vizinhos atenciosos, sem nenhum cemitério perto, nenhum crime pavoroso, nada de anormal ou assustador. Simplesmente... normal. Mas o que duas aventureiras de 13 anos de idade fazem em uma vizinhança calma e chata? Nada é "normal" para nós...

Antes desse "encontro" acontecer, nós mal nos conhecíamos. Laura tinha acabado de se mudar de outra cidade, e andava com uma amiga minha, Elisa. Eventualmente nós nos encontramos e sabíamos que acabaríamos virando boas amigas. Uma noite Laura me convidou para ir na casa dela. Ela falou que era aniversário da irmã dela, Nádia. Nós comemoramos o aniversário normalmente como qualquer outro e eu acabei ficando na casa dela para dormir.

Nós assistimos um filme de "terror" sobre vampiros. Não era muito de terror e no final do filme nós descobrimos que ambas tinham uma grande curiosidade sobre o mundo paranormal. Nos conversamos a noite inteira nós conversamos sobre qualquer coisa que fosse assustadora (e não ficamos nem um pouco com medo). Demônios, bruxas, seres estranhos e finalmente conversamos sobre um assunto que nos mudaria: Fantasmas. Depois de muito tempo conversando (já era MUITO tarde), nós fomos dormir.

Depois de uma hora eu senti algo que eu não consigo explicar direito, que me acordou. Eu achei que fosse Laura, então eu resmunguei "O que foi, Laura? Não me diz que você quer ir ao banheiro de novo, você acabou-" algo me interrompeu. Eu esfreguei os meus olhos, mas de repente, eu ouvi alguém batendo na porta. "Oh oh, estamos encrencada" eu pensei. Mas logo percebi que não era um dos pais dela falando para ficarmos quietas ou nada assim. Eu não sabia como eu sabia, eu simplesmente sabia. Eu imediatamente comecei a chacoalhar a Laura. "Laura!! Laura!! LAURA!!!! ACORDA!!!!" A Laura esfregou os seus olhos. Então ela ouviu o barulho de panelas batendo também. "Ah não, de novo não!" ela resmungou. "O que?" eu perguntei. "Bem," ela falou dando um sorrisinho "tinha um fantasma na nossa antiga casa, o Zé. Parece que ele veio com a gente!" Então ela levantou e abriu a porta do quarto. Um vento forte entrou no quarto e a temperatura abaixou muito e começamos a congelar de frio. Tivemos que pegar mais 5 cobertores para conseguirmos nos esquentar e acabamos dormindo. Alguns meses se passaram normalmente. Nós tentamos esquecer a nossa experiência, mas quando o inverno chegou as coisas pioraram, e pioraram muito! Uma vez nós chamamos um bando de amigas para uma sessão espírita. Com o passar do tempo algumas amigas ficaram assustadas e foram embora, no final estávamos apenas Laura e eu. Nós perguntamos "Tem algum espírito presente?" e o copo imediatamente soletrou ZE. Depois o copo literalmente virou no ar! Como se alguém tivesse dado um tapa nele por baixo, ele subiu um palmo do chão e virou. Nós jogamos o copo fora na rua.

Quando o inverno virou primavera, já tínhamos ns acostumado com os nossos encontros para-normais. Era apenas mais uma coisa rotineira para nós. Não nos importávamos muito com o que ele fizesse, simplesmente achamos que ele ficaria chateado conosco e nos esqueceria.

Bem, adivinha que estava errada? Ignorar ele nunca funcionou. Um dia Laura e eu estávamos fazendo um lanchinho e de repente eu senti uma vontade louca para usar o banheiro. Quando eu saí, a Laura olhou pela porta da cozinha. A TV estava alta de mais e estava incomodando ela. Mas quando ela estava abrindo a gaveta de talheres, um comercial que ela gostava começou a passar. Ela parou o que estava fazendo, deixou a gaveta aberta e foi até a frente da TV, e quando o comercial acabou ela voltou para a cozinha. Ela olhou a gaveta de talheres e soltou um grito pavoroso. Eu corri do banheiro para ver o que tinha acontecido, e vi ela tremendo. Ela apontou para o lado da gaveta onde tinha um bloquinho de papel, e tinha uma mensagem nele, onde antes não tinha nada: "SAIAM DAQUI". E sabíamos que ninguém tinha escrito aquilo, porque estávamos sozinhas na casa. E a mensagem estava escrita em tinta vermelha, e depois de muito procurar não achamos nenhuma caneta vermelha ou lápis vermelho, nada.

Nós passamos por coisas muito, muito, MUITO piores do que isso tudo, mas é que é difícil para mim colocar tudo por escrito, eu prefiro esquecer pelo pior que passamos. Apenas queremos que vocês entendam isso: Vocês não estão sozinhos, outras pessoas passam por coisas estranhas que aconteceram com vocês também. Eu tenho mais uma história que eu gostaria de contar.

Não muito tempo depois, numa vez que eu fui dormir na casa da Laura, eu perguntei sobre as coisas que tínhamos passado juntas. Eu falei "O que aconteceu na sua outra cidade?". Ela riu e falou "Mais do que você pode imaginar!". Ela me falou sobre fantasmas no forro, sessões espíritas, vozes pela casa, vultos no escuro, etc. "Você sabia o que ia acontecer com a gente?". Ela simplesmente soltou numa voz mole reclamando "Marina, a gente TEM que dormir. São 3 A.M!". Ela dormiu quase que na mesma hora depois que falou isso. Mas eu simplesmente não consegui dormir. Algum tempo depois, eu estava quase dormindo, quando eu ouvi um som distante de panelas batendo, e então, o som de uma gargalhada insana.


Marina e Laurinha - SP - São Paulo