Correndo com o diabo

A minha história começa em uma noite de junho, à cerca de 3:00 da manhã. Eu estava voltando da casa da minha namorada. Ela mora em uma cidade vizinha, cerca de 40 minutos daqui.

Eu estava passando por uma estrada que durante o dia é bem movimentada, mas nesse horário ela parece ser abandonada. Eu estava no único carro na estrada. Essa estrada também não tem iluminação nenhuma, então é bem escura à noite. Ela também fica em uma área rebaixada, entre duas colinas, o que faz ela ficar um pouco enevoada as vezes, como estava nesse dia.

Eu estava dirigindo com os meus faróis altos ligados, quando eu vi um homem andando pelo acostamento da estrada mais adiante. Quando eu me aproximei, ele se virou e olhou na minha direção, e eu consegui dar uma olhada no rosto dele iluminado pelos faróis. Alguma coisa nele não parecia estar certa. Eu não consigo explicar melhor... ele era estranho.

Eu passei por ele um pouco assustado. Eu sou um cara grande, e não me assusto fácil, mas tinha alguma coisa no rosto daquele homem que me arrepiou os pelos dos braços.

Cerca de 1 quilometro depois na estrada, eu senti um frio subir a minha espinha. Eu olhei para a minha esquerda e um pouco antes do brilho do meu farol ainda na penumbra, eu vi o homem que eu tinha passado a algum tempo atrás. Eu achei que estava vendo coisas, já que estava a quase 80km/h, mas o homem estava correndo um pouco à frente do meu carro, quase emparelhado. Eu podia ver claramente que era ele. A cabeça dele estava virada e ele estava olhando para mim. O seu rosto estava um pouco distorcido, com uma aparência maligna.

Eu pisei no acelerador e cheguei a quase 100km/h, mas ele continuava me acompanhando. A essa altura eu já não estava mais apavorado, estava aterrorizado!

Eu pisei mais ainda no acelerador, mas eu tinha chegado em uma subida na estrada e o meu velho carro não conseguia ir mais rápido. Quando eu estava chegando em uma curva na estrada, um outro carro estava vindo no outro sentido. Ele piscou o farol alto (eu ainda estava com o meu aceso) e eu desviei o meu olhar do homem por um ou dois segundos. Quando eu olhei de novo, ele não estava mais lá. Eu olhei no retrovisor, mas tudo o que eu conseguia ver era a luz do farol traseiro do outro carro sumindo na curva. Eu não diminuí a velocidade até chegar na avenida perto da minha casa.

Até hoje, eu não tenho idéia do que era aquele homem. A expressão maligna no rosto dele me assombra até hoje. Ele lembrava muito as imagens do diabo que você vê nas pinturas medievais.

Eu contei para algumas pessoas sobre aquela noite, mas como esperado, nenhuma delas acreditou em mim. Eu já li que coisas semelhantes aconteceram com outras pessoas, mas sempre varia, luzes, animais estranhos, pessoas que não parecem humanas...

Eu ainda passo por aquela parte da estrada ocasionalmente, e eu nunca mais vi nada parecido. Mas acredite, eu não gostaria de ver nada assim de novo.


Valdemir - SP - Sorocaba