Aquela casa

Quando a minha irmã e eu éramos mais novas, nós passamos por coisas assustadoras na casa onde morávamos.

A nossa casa era de um certo modo muito tétrica--você ia andando por ela e sentindo calafrios quanto mais entrava nela, você sentia aquele bolo se formando no estômago. Ela tinha quase uns 50 anos quando nos mudamos para ela. Precisava de uma reforma urgente, mas era a única coisa que os meus pais podiam pagar na época. Eu tinha somente 7 anos e a minha irmã tinha 9. Nós duas tínhamos que dividir um quarto já que a casa tinha só 3 quartos e o meu pai tinha que usar um deles como escritório.

Em uma noite quente no verão, eu estava na cama de cima do beliche no meu quarto. Eu podia ouvir a minha irmã roncando na cama debaixo. Sem saber por que, eu sentei de repente na minha cama. Estava marcando quase 3:00 da manhã no relógio em cima da cômoda em frente ao beliche. Eu não sabia por que eu tinha acordado, mas sabia que tinha alguma coisa estranha lá. Pouco tempo depois eu comecei a sentir um cheiro ruim, como se tivesse alguma coisa podre ou algum animal morto no meu quarto. Eu olhei em volta, não dava para ver nada por causa da escuridão. Estranhamente o quarto estava começando a esfriar. Eu estava começando a tremer, mas por algum motivo, eu não conseguia deitar de novo. Era como se tivesse algo me forçando a ficar sentada. Então eu senti como se alguém tivesse tirado as mãos de cima de mim, me deixando deitar novamente. Eu fechei os meus olhos, mas abri assim que senti algo pressionando o meu peito. Foi somo se alguém me apertasse 5 vezes, e logo depois mais 5 vezes. Eu odiei sentir aquilo. Quando acabou eu me sentei de novo e vi um flash de uma luz esverdeada, e então alguém sussurrar com uma voz profunda: "Eles foram baleados no peito.." depois disso eu senti um último cutucão no meu peito, mas dessa vez BEEEM mais forte do que das outras, e então eu senti como se tivessem me jogado um balde de água completamente gelada.

Sendo a garotinha medrosa de 7 anos que eu era, eu comecei a chorar e a gritar pela minha mãe. Ela veio correndo e me disse que eu estava com o rosto muito pálido e estava gelada. Ela falou que eu tive um pesadelo, mas eu sabia que não tinha sido um sonho aquilo tudo. No dia seguinte quando eu estava me preparando para tomar o meu banho, a minha mãe olhou para o meu pescoço e o meu peito e soltou um grito assustada. Havia marcas de dedos -hematomas- pelo meu corpo, e a marca de uma mão no meu peito. Eu perguntei por que ela tinha gritado, mas ela só pos a mão na boca e me abraçou.

Mas isso não foi a única coisa que aconteceu naquela casa. Cerca de dois meses antes disso, na noite do meu aniversário, eu estava indo para o meu quarto, para colocar o meu pijama novo. A minha irmã estava dormindo na casa de uma amiga, então eu iría dormir sozinha. Quando eu fui para a cama, eu vi uma mulher flutuando em cima de mim. Ela estava usando um vestido roxo, com um lenço branco na cabeça. Ela não tinha olhos, apenas dois buracos onde os olhos deveriam estar, como se tivessem sido arrancados, e um grande buraco no peito dela. Os lábios dela estavam se mexendo, mas eu não conseguia ouvir nada. Eu fiquei tão assustada, eu cobri a minha cabeça com o cobertor. Pouco tempo depois eu coloquei a cabeça para fora, mas ela já não estava mais lá.

Agora eu moro na minha própria casa, com os meus filhos. Mas o que me assustou mais naquela casa, eram os sonhos que eu tinha lá. Eu sempre tinha pesadelos sobre pessoas que moraram lá antes de mim, e que levaram tiros no peito.

Nos meus sonhos, um homem grande e gordo com um longo cabelo negro e olhos pequenos fala para a mulher que flutuava sobre a minha cama 'Eles foram baleados no peito'. E a voz dele é idêntica à que eu ouvi naquela noite em que eu senti as cutucadas no meu peito.


Verônica - SP - São Paulo