Vinho, sangue e água - "O Senhor"

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Sangue

"....Sua imagem me agrada, é tão bela como os campos floridos na primavera, uma pele branca como neve, um rosto inocente e lábios vermelhos como a carne de sua genitália....Essa mulher me faz desejá-la com meus próprios pecados. É tão saboroso admirá-la daqui..."

Ele ri com sarcasmo de suas próprias palavras profanas. Ouvindo os gemidos que ecoam até seu lugar sagrado, como telepatia ele se transporta para o quarto abafado, onde Beatrice está deitada.

Com suas pernas arqueadas, entrelaçadas nos lençóis revirados, ela se masturba com sua mão dentro de sua lingerie preta e com seu dedo médio na boca espalhando sua saliva com a língua que agita para fora de seus lábios.

As janelas estão abertas e o quarto abafado mesmo assim, a porta fechada mas apenas as luzes da rua iluminam, a casa está na escuridão. Não sabe que ela perturba um desejo de luxúria, um desejo por ela mesma enquanto se masturba na cama. Uma cruz na parece da cama é a única testemunha de seus pecados, mas quem a observa não precisa de olhos, apenas os fecha para entrar na mente fabricante dos desejos.

"....Ouço tua respiração, vejo a secura de seus lábios e sinto o tremor dos seus músculos em espasmos orgasmatrônicos...Poderia me alimentar de todo esse ato profano, é tudo do qual eu vivo...."

Ele precisa da morte dessa jovem, sua pureza virgem é uma abertura para seu reino sagrado. Assim, com sua morte, ele pode roubar sua alma e conhecê-la.

"Meus servos, envio-vos para que me tragam essa mulher da qual desconheço seus princípios, mas roubando sua alma, quero que ela seja minha e venha viver nas chamas junto comigo"

Seus servos vão, como sombras de espectro. Na escuridão da sua casa eles têm o poder do qual necessitam para roubar a alma de Beatrice, tornando-a indefesa contra qualquer ataque. Ele a quer, Ele a deseja queimando em tais fogos tão sagrados.

Seus servos lhe trazem sua encomenda tão aguardada, presa pelos pés e mãos numa parede de limbo vivente que brota do chão e quando a trazem, as prostitutas que servem ao senhor se agitam e gritam. Diante dela seus servos com seus braços em riste e as mãos abertas:

"Ave, Ave, Satanás! Ave, Ave, Satanás!"

Dispensados os servos, a parede de limbo retorna ao solo libertando Beatrice que cai de joelhos. Os servos se enfileiram dos lados como paredes de sombras e o Senhor desce os degraus e caminha calmamente até ela.

"Quem é esta, que se ajoelha tão vulnerável diante de mim....Há tempos eu tenho ganância de ter essa beleza tão angelical, com esse olhar tão inocente e puro, será minha posse mais valiosa...Sua beleza e seu medo me dão toda a luxúria da qual me alimento..."

Uma das prostitutas sai das sombras do trono do Senhor para matar a alma de Beatrice, mas o Senhor ordena que o limbo se abra e que as chamas sagradas queimem sua serviçal. As chamas consomem sua alma como se fosse um fino algodão.

"O trono que se encontra ao lado do meu é vazio, pois não quero que uma dessas meretrizes infectas que são defecadas do reino mortal governe os meus reinos junto comigo! Quero que você seja minha, tua pureza é respeitável, jamais vi uma beleza tão agradável...Não deves temer. Sei que tu temes o mal, mas não precisa mais temer esse mal, pois eu sou o mal que está em tudo, sou aquele que reina nas chamas, mas que as águas jamais poderão sufocar. Me alimento da dor, do sofrimento, de toda a luxúria dos mortais....Sou criador dos pecados aqui e no reino mortal...Venha governar toda minha fortuna junto comigo, vamos consumar nossa união nas chamas!"

O Grande Senhor estende sua mão para Beatrice e a ajuda a levantar. Assim que ela fica de pé, mais uma vez o limbo a prende pelas mãos e braços e abre suas pernas. Seu corpo nu pertencerá ao Senhor. Ele a hipnotiza e ela simplesmente o aceita. Seus olhos se tornam completamente negros e ela aceita todos os ataques como se fosse um vegetal, está em transe.

Ele a possui sem a menor resistência, ele a penetra profundamente em frenesi até sentir os espasmos musculares e ejacula, consumando sua união.

Ela não reage, não se defende e sua virgindade é corrompida pelo Senhor do medo e das trevas. Borbulham os rios de lava que correm ao redor do trono do Senhor, o limbo se move formando uma ponte para a escadaria do trono. Tudo o que pode ser ouvido são os gritos de desespero das prostitutas e os servos clamam das sombras:

"Ave, Ave, Satanás!"

O limbo a liberta. O Senhor caminha e atravessa a ponte convidando-a para juntar-se a ele em seu reino.

"Seremos as sombras com olhos de fogo e satisfaremos os desejos um do outro. Venha, sente nesse trono aqui ao meu lado e seja minha. Nós veremos as chamas se tornarem mais intensas e subirem, subirem...."

No reino mortal o Sol começa a sofrer um apocalipse, as nuvens negras fecham todo o céu e começam a rodar como um redemoinho. Os portais se abrem entre as duas dimensões.

O Senhor sorri com sarcasmo e deboche das vidas humanas. As folhas das árvores se tornam focos de fogo mas não consomem os galhos. As águas se tornam sangue. Chagas ocultas dentro das pessoas começam a se tornar aparentes e se espalham por todo o corpo. Elas correm desesperadas.

"Mortais, seu deus fraco não pode ajudar vocês agora! Hahahahaha!"

Corpos se amontoam nas margens dos rios das pessoas tentando se limpar das feridas que se proliferam cada vez mais até sua morte. O ar cheira podre como se os corpos estivessem decompostos há dias.

"Mortais, no seu mundo todas as coisas voltam para mim! Suas almas jamais fugirão do meu controle, eu tirarei daquilo que é nada e nada daquilo eu devolvo. Me alimento da sua dor mortais, sua força é apenas aquela dos homens. Não podem me derrotar porque me alimento dos seus ataques! Venha, vamos brincar no fogo!"

Você não pode derrotar aquilo que se alimenta do seu ataque,
Não pode matar o que faz da lamina da sua espada um santuário,
Não pode impedir aquilo que aceita as estratégias contra ele,
Você não pode tirar nada do Nada.