Vinho, sangue e água - "Amor até a morte"

Conto enviado por: E-mail para contato: [email protected]

Água (Em nome do Pai...)

O homem bom e puro fora traído por teus semelhantes, e por aqueles a quem ele salvaria mais tarde e perdoaria. Anunciou sua morte aos seus seguidores e semelhantes à sua carne e face, o prenderam nos ganchos do teto e olharam carnívoros sedentos, seu sangue escorrer e pingar de seus pés brotando e jorrando da carne mutilada de suas costas.

As mulheres que o seguiam, suas meretrizes, choravam e agonizavam como se estivessem sentindo junto a mesma dor do corpo flagelado. Seus dentes se apertavam forte e suas gengivas sangravam com isso, seus dentes rangendo e suas mãos se apertavam encravando suas unhas nas palmas das mãos fazendo também seu sangue fluir e pingar tentando superar a dor que mais tarde esgotaria suas reservas de energia.

Teus seguidores cortaram um pedaço de sua orelha e mutilaram sua genitália como souvenir. Clamou por teu senhor: "Eloí, Eloí, lemá sebactani?". E a morte lhe veio sem agonia, tirada de teu corpo magro enfraquecido pela dor como se decapitado. Podia se ouvir apenas os gritos histéricos das mulheres desesperadas, como se fossem queimadas a ferro quente, e suas lingeries manchadas do sangue e do esperma de Cristo eram a única coisa que tinham de eterno agora, depois que o corpo mutilado que mais tarde de dissolveria e se transformaria nas fezes dos vermes.

Seus genitais que estavam jogados no chão fora pego por uma das meretrizes e ela engoliu uma de suas gônadas e o resto ela atirou para as outras duas prostitutas que avançaram como leões famintos em cima dos restos genitais de seu senhor e o devoraram como vampiras loucas.

Na pele branca como neve restavam as manchas respingadas do sangue seco do corpo de Cristo e seus cabelos endurecidos e sujos pelo esperma e também sangue seco. Choraram pelo restante da noite e por mais duas noites, até que finalmente arrancaram dos ganchos o corpo fraco, sujo e fétido putrefato e o enrolaram num lençol e o jogaram na banheira de água quente e ele afundou.

Uma faca passou pelas três mulheres e cada uma cortou os dois pulsos profundamente e na mesma água onde repousava o corpo submerso, elas afundaram seus pulsos e o sangue fluiu transformando logo toda a água da banheira num mar de sangue.

Uma delas jogou uma rosa na água. Essa rosa manteve-se flutuando e suas pétalas suaves foram se soltando e se espalhando com as ondas formadas pelas turbinas quentes de água da hidromassagem.

Nuas, as prostitutas finalmente morreram junto com teu amado senhor, apenas seus cabelos negros como a noite e seus rostos tão pálidos ficaram para fora, na superfície. Esse é o amor eterno jurado à Cristo por tuas meretrizes. Morreram junto para continuar amando até a morte.

Corpus Christy