Uma noite assombrada

Me chamo Canedo e venho lhes contar o que aconteceu comigo quando eu era criança.

Quando eu tinha mais ou menos 8 anos, minha família e eu morávamos em uma casa pequena em um bairro popular na cidade de Goianésia Go. Cidade de interior, cerca de 170km de capital Goiânia, essa casa foi construída do zero e nunca ninguém havia morado ali, somente nos; sendo este então meu espanto de ter presenciado este relato.

Em uma noite em meu quarto que era compartilhado com meu irmão mais novo de 6 anos eu despertei, pois havia escutado barulhos no corredor que ficava entre a casa e o muro no qual havia a janela do nosso quarto. Esse barulho era como se fosse uma pessoa correndo, o som ficava mais intenso e diminuía de acordo com a proximidade da janela. Pensei ser os vizinhos pois eram bem próximas as casas. Não liguei muito e tentei voltar a dormir. Porém o som continuava e eu não conseguia voltar a dormir, então abaixei a coberta que cobria meu rosto e fiquei olhando para o teto tentando entender o que acontecia. Ao olhar para meu irmão na cama do outro lado do quarto notei que ele estava dormindo. Desviei o olhar por um breve instante e olhei de novo para meu irmão no qual foi minha surpresa. Ele começou a se sentar na cama, porém era como se somente sua alma sentasse na cama e o corpo permanecesse deitado dormindo. Essa alma com fisionomia do meu irmão se levantou no quarto deu alguns passos e ficou olhando para a parede vazia me ignorando completamente. De repente ela virou a cabeça com muita força e olhou dentro dos meus olhos, mas não disse nada ou emitiu som algum. Eu estava apavorado desde a hora que ele começou a se levantar porém curioso. Mas aquele olhar me aterrorizou. Pós isso a alma voltou até a cama, se sentou e deitou como se voltasse para o corpo do meu irmão. Depois disso eu não consegui aguentar a pressão e o pânico e comecei a chorar, um choro alto para que meus pais pudessem vir até nosso quarto e me socorrer.

Não demorou 30 segundo para que isso acontecesse. Meu pai entrou no quarto e me acalmou. Disse que poderia ser um pesadelo, mas não era. Eu tinha a plena certeza que eu estava acordado e vi aquilo. Alguns minutos se passaram e meu pai nos deixou. A luz no quarto apagada e o breu tomou conta. Peguei no sono. Passado cerca de uma hora após isso, meu irmão começa a chorar alto e eu mais do que depressa me levanto e ligo o interruptor que ficava ao pé da minha cama. Ele chorava aos berros, mas continuava de olhos fechados, como se estivesse tendo um pesadelo e tentasse acordar e não conseguia. Meu pai novamente aparece correndo no quarto, acorda meu irmão e pergunta o que havia acontecido. Ele em soluços disse que teve um pesadelo, aonde estava andando em uma estrada sozinho e uma pessoa com vestes toda negra o perseguia.

Novamente meu pai nos acalma e propõe que coloquemos nossas camas coladas uma na outra, assim estaríamos mais próximos um do outro e mais confortáveis e seguros.

Ao sair do quarto e apagar a luz tentamos eu e meu irmão dormir.

Ele pegou no sono primeiro e eu ficava cobrindo minha cabeça e fechando os olhos para pegar no sono.

Se passaram mais ou menos 1 hora de prazo desde o último evento e deveria ser mais ou menos 3 da manhã. Acordo sem motivo algum já assustado. Abaixo a coberta da cabeça e vejo junto à porta uma pessoa em pé, com roupas todas negras sem rosto. O susto foi tão grande que eu não conseguia falar. Não me movia e mal respirava. Com muita dificuldade fechei os olhos e abri novamente, aquilo não estava mais ali. Minha respiração ficou ofegante e novamente me cobri. Já não conseguia dormir e ficava tentando entender o que era aquilo. Novamente descobri minha cabeça e olhei para o escuro do quarto. Dessa vez era possível ver uma cobra muito grande serpenteando na parede junto ao teto.

Como poderia uma cobra fazer isso?

Ela desapareceu enfim. Por diversas vezes nessa noite sentia algo embaixo da cama e com algo pontiagudo ficava tentando nos furar através do coxão. Coberto de medo eu peguei no sono e dormi. Na manhã ao acordar eu perguntei ao meu irmão mais novo se ele sentiu ou viu alguma coisa diferente. E a resposta foram quase idênticas. Algo nos perfurando por debaixo do coxão, algo presente no quarto e sons no corredor da casa. Isso nunca mais aconteceu naquela casa, mas de longe foi a pior noite da minha vida, aonde não tivemos paz da coisa que nós atormentava até que o sol saísse no céu. Hoje tenho 26 anos e moro em um novo local.


Canedo