O dia que o capeta entrou em casa

Este, creio que seja meu último relato, a não ser que eu descubra ou me lembre e outras histórias. Eu sei que este relato é muito pedante e parece que estou querendo aparecer, mostrando como sou uma suposta "poderosa": me desculpem, mas isto ocorreu semana passada, e eu ainda estou com esta história bem fresca na memória, e não sei como contar isto de outra forma, me perdoem mesmo, caros leitores; eu estou contando no intuito de esclarecer que não devemos temer o sobrenatural, e que nada nos pode atingir se soubemos manter a mente aberta, a vontade soberana e o coração pertencente à Deus! Mas como eu disse para meus amigos do Sobrenatural.org, os Sr. Lukanus Malfakus Mago do Equilíbrio e meu Frater, o Sr. João Lopes Siqueira Netto (um grande abraço nos corações deles), parece que estou passando por um período de desequilíbrio energético, mas que já estou tirando de letra, sem medo, censura, "mortos ou feridos". Ah, eu também não quero ofender nenhum flamenguista, mas o relato tem a ver com a tal camiseta do time. Aquela regata vermelha e preta com o escudo destacado.

E por mais incrível ou fantasioso que pareça não me assustou tanto, ou melhor, assustou sim porque eu pensei que tivesse entrado algum ladrão em minha casa, pois foi à única vez que eu vi (com os olhos carnais mesmo e tinha consciência) e encarei uma suposta aparição.

Eu estava sentada em frente ao PC trabalhando um texto sobre matrimônio, divórcio e traição segundo a doutrina espírita. Era à tarde, por volta das quatro da tarde, portanto estava claro. Então eu escutei (eu não só vi, como escutei e senti cheiro) meu marido chegando do trabalho. De súbito, eu estranhei a hora, pois ele chega mais tarde, mas como eu ouvi (é um tanto espalhafatoso, eu sei) o barulho do motor do carro e os passos dele, ainda sim vi que meus cães de guarda correram para recepcioná-lo.

Como de costume, ele sempre vai ao quintal primeiro "falar" com nossos animais antes de vir me beijar e dar boa noite. Até aí tudo bem, talvez ele tivesse saído mais cedo, mas a coisa ficou estranha. Sem mais ou sem menos, meus cães começaram a gritar, uivar, chorar e arranhar a porta da cozinha. Como se não bastasse, ouvi meu marido gritar impropérios e palavrões, coisas que ele nunca faz.

Assustada, eu me levantei e olhei pela janela para ver o que tinha acontecido, e vi uma coisa bizarra: meus cães correram na direção de minha janela e eu vi meu marido de regata do Flamengo (ele é vascaíno roxo), com os olhos vermelhos e com o semblante de ódio. Eu corri, pois imaginei que no frio (tinha chovido a tarde inteira), ele trabalha de uniforme, deveria ter acontecido algo grave e que alguém emprestou a camiseta para ele vir embora para casa.

Eu corri apavorada para me encontrar com ele e vi que a porta da cozinha estava fechada. Peguei minha chave, abri a porta e os cães entraram com os pelos arrepiados e se esconderam debaixo da cama e ficaram chorando baixinho. Saí na direção da garagem e vi que o carro não estava lá. Então peguei o telefone e liguei para ele, obtendo a resposta de que nem na nossa cidade ele estava, chegaria por volta das vinte horas.

Aí sim eu estava gelada, me desculpei com ele afirmando que eu tinha sonhado (eu não iria assustá-lo à toa), então me armei e saí no quintal procurando o meliante que teve a coragem de pular o muro de sobrados geminados, conseguiu burlar a segurança e entrou na minha casa. Mas não vi nada, nem rastro dos muros, pegada (tinha chovido) nas paredes, nem em local algum. Ainda telefonei para minha vizinha, perguntando se o marido ou o filho dela por acaso teria chegado a casa e teve que descer no meu quintal (é meio besta, mas vai saber o que se passa na cabeça das pessoas) por algum motivo. O que ela negou.

Pois se não bastasse a situação embaraçosa, ainda senti um fedor de maconha que empestou pela casa inteira, mas que curiosamente não sentia no quintal ou na garagem. Eu corri, olhei pela casa toda, dentro dos armários, embaixo das camas, do sofá, e nada, o cheiro tava muito forte e eu achei que eu estava "noiada" pelo cheiro, e que tudo era apenas ilusão. Mas neste caso, meus cães também deveriam estar "viajando", mas eles (se fosse apenas um cão) estavam assustados demais para quererem voltar para o quintal.

O cheiro estranho assim como veio se foi de repente, então "caiu ficha" e entendi a situação que me encontrava. A suposta entidade era trevosa, pois feriu meu cães e fedia maconha, coisas que não fazem jus a espíritos de luz.

Já sabendo que o sujeito estava dentro de minha casa, e pior, cometeu o pior pecado que considero, pois além de entrar em casa sem pedir licença, ele assustou minhas crianças de quatro patas, e isto é inadmissível. Preparei-me, pedi licença a Meus Mestres, orei e desatei a falar um monte de palavrões também - se a entidade é vulgar, a energia para alcançá-la deve estar na mesma vibração, pelo menos a princípio depois eu peço a presença de minhas entidades que são sutis e oro para ajudá-la. Provoquei, xinguei e mandei-o aparecer de novo na minha frente; pois se ele fosse assim tão poderoso, que fosse "homem" para se materializar novamente, e partisse para o combate comigo e não com meus inocentes animaizinhos.

Aí me veio na mente: "- Sua inútil (eu prefiro omitir o palavrão) eu sou Ferrabrás!".

Rebatendo, -nestas horas coléricas, eu esqueço os anos de Yoga, os preceitos do Reiki, as meditações do perdão, os ensinamentos pitagóricos (filosofia, não a matemática) e da AMORC e deixo o sangue da "cria" de índio com italiana falar mais alto - e disse na lata: Satanás, Ferrabrás, Lúcifer, que nome besta você acredita que tenha ou quer me enrolar, você é um coitado que precisa de oração!

Orei, pedi, e ordenei para que ele surgisse novamente na minha frente da mesma forma que eu vi, ou de qualquer outra forma mesmo medonha que ele queira, mas nada aconteceu. Porém eu sabia que ele não tinha ido embora. Então, acendi umas ervas de descarrego e direcionei energia Reiki pela casa toda, e me lembrei da estátua de São Jorge (Ogun), da camiseta de futebol e pedi "ô meu Pai, não desampare seu Filho" e citei a oração de São Jorge Guerreiro.

Aí a coisa foi se acalmando, se acalmando, eu continuei a orar para outras entidades (Anjos, Jesus, Maria, São Miguel), o salmo 91, as Sutras e orações da Seicho-no-ie (não se assustem, eu sou católica apostólica "baiana"), e tudo mais que eu me lembrava; até que eu tenha me acalmado da fúria - acho que eu estava orando mesmo era para mim mesma - e consegui colocar amor no coração e pedir educadamente para a tal entidade se manifestar. Mas eu creio que ela se foi.


Jaqueline Cristina